sexta-feira, 23 de maio de 2025

Missa, televisões e André Ventura. Ainda não é tarde para salvar a democracia

 


21 de maio de 2025

Missa, televisões e André Ventura. Ainda não é tarde para salvar a democracia

Pedro Sales Dias

O resultado das eleições de dia 18 lembraram-me o livro As Notícias. Um manual de utilização. Nele, Alain de Botton lembra-nos que agora as notícias ocupam nas nossas vidas a mesma posição dominante antes ocupada pelas religiões. Nas sociedades modernas, temos hoje ao ligar a televisão para ver o jornal do dia ou da noite a mesma atenção que outrora se tinha quando se ia à missa. E para muitos, a informação tornou-se num credo filtrado pelas suas ideias: só acreditam nos seus próprios deuses e abominam os dos povos vizinhos.

Na manhã de domingo, ainda longe de sabermos o resultado, várias televisões preteriram um antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e preferiram ouvir em directo o líder do Chega, André Ventura, minutos depois de votar. Ouviram-no falar do seu estado de saúde – admitindo que ainda não tinha feito todos os exames médicos — e dizer que ainda ia à missa, onde e a que horas. Explicou qual era a sua rotina de domingo. Só depois ouviram Cavaco a falar da importância das eleições em democracia.

A pergunta que se impõe é porque é que consideraram mais importante ouvir primeiro Ventura. Precisamos de saber que ele vai à missa e como está a sua saúde? Qual é o valor-notícia? Dias antes, jornalistas de várias televisões andaram numa espécie de rali entre as portas de hospitais em que Ventura foi sendo internado com refluxo gástrico, dedicando mais horas a isso do que à campanha eleitoral. André Ventura tornou-se num combustível de audiências e sabe disso. Em troca, usa as televisões para espalhar o seu evangelho. Cada um fornece ao outro o que precisa num circuito autofágico.

O estado a que chegamos, porém, não pode ser encarado como sendo inevitável. E na democracia e nos media, principalmente nas televisões privadas, torna-se de novo imperativo lembrar a mensagem do poema de Dylan Thomas: "Do not go gentle into that good night/Rage, rage against the dying of the light."

Estamos já para lá dos efeitos da desinformação. As televisões privadas apostaram no alheamento informativo que entretém – e faz subir audiências e lucro – ignorando que estão a ser instrumentais para um programa de redefinição política e social. Honra seja feita ao bom exemplo da RTP, que se mantém como último reduto, na maioria das vezes. É necessário arrepiar caminho a bem do nosso futuro colectivo e democrático. Estas eleições devem servir de reflexão a todos — inclusive aos jornalistas, que muitas vezes se colocam de fora do problema. Nunca foi tão importante salvaguardar critérios editoriais. O que fazemos tem, de facto, impacto nas decisões de cada um, no futuro.

No PÚBLICO temos essa preocupação diária. E em Abril apostamos numa grande operação de verificação de factos dos debates entre os vários candidatos às eleições legislativas. Pode ver alguns dos artigos escritos pela Bárbara Baltarejo e pela Marta Leite Ferreira em destaque na página da Prova dos Factos – com especial enfoque no debate que cativou mais interesse: o que opôs Luís Montenegro a Pedro Nuno Santos.

E a propósito dos debates eleitorais, fizemos um quiz. Será que sabe se o que disseram os candidatos é verdade ou mentira? Descubra se esteve mesmo atento e mais protegido da desinformação nos debates.

Abril foi também o mês em que foi divulgado um relatório do Medialab do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, com o qual o PÚBLICO tem uma parceria num projecto para a detecção e desconstrução de narrativas de desinformação. O relatório conclui que o deputado do Chega, Pedro dos Santos Frazão, deu "projecção nacional" a desinformação de extrema-direita.

Continuando no Chega, ficou célebre o episódio televisivo em que André Ventura foi apanhado a mentir sobre o tamanho da casa em que vive. Num despique com Mortágua, num debate, repetira que a casa tinha "30 metros quadrados" e não era "um palacete como os do BE". No dia seguinte, na SIC, disse que foi um lapso. Afinal tem 70 metros quadrados.

Percursos naturais do rio Corgo (Vila Real)


Quanta beleza e paz!

quarta-feira, 21 de maio de 2025

NAO VAMOS PERMITIR QUE O FASCISMO VOLTE

 

André Ventura na Igreja de Santa Cruz (Coimbra) 

Fonte da imagem: https://www.noticiasdecoimbra.pt/andre-ventura-reza-na-igreja-de-santa-cruz-em-coimbra/






Este tipo (Ventura), que anda sempre na Igreja, na missa, a bater com a mão no peito, a comungar, é o tipo que mais ódio destila e que mais prega a desunião e a desigualdade. Que católico é este?! Que farsante, que oportunista, que cínico. Ele e os seus seguidores, mais uma comunicação social que faz o favor de lhe dar tempo de antena (chega a revoltar/enojar a forma como ele controla os jornalistas e se escusa a responder-lhes), fazendo de todos os momentos momentos-comício, prepara-se para o assalto ao poder e o derrube das instituições e conquistas democráticas que alcançámos dia 25 de abril de 1974. 48 anos de ditadura não chegaram?
NÃO VAMOS PERMITIR QUE O FASCISMO VOLTE.
NÃO VAMOS.


Partilho o seguinte texto: O MOISÉS DO POPULISMO… E não, não é um partido, é uma seita!!
🥵

“Domingo à noite, o país sentou-se a ver o circo. Um circo de uma só figura, de um homem só, de um espectáculo monológico onde o palhaço também era domador, director, macaco amestrado, leão faminto e criança perdida que grita da plateia para que olhem para ele, só para ele, sempre para ele. André Ventura falou. Falou como quem cospe. Falou como quem bate. Falou como quem quer ser amado mas só sabe odiar. E parte do país, a parte do país fatigado de esperar por Deus, ouviu. Ouviu como se ouve o padre numa missa a que se vai por obrigação, como se ouve a mulher que já não se ama ou o pai que já não se respeita. Ouviu com raiva, com cansaço, com culpa.
Disse que acabara o bipartidarismo. Disse-o como quem anuncia a queda de Roma, o fim dos tempos, a libertação do povo escolhido. E ali estava ele, o Moisés do populismo, de microfone à frente e a azia no bolso como quem esconde a vergonha, prometendo terra prometida a quem nunca teve jardim. Disse que a história tinha mudado, que agora o país era outro, um país dele, feito por ele, para ele, com ele ao leme e os outros calados, de joelhos, em silêncio. Ventura quer o país em silêncio. O país de joelhos. O país em medo. Ventura não quer governar. Ventura quer mandar. E o que há de mais grave é que há quem deseje ser mandado. Há quem precise.
O Chega não é um partido. É uma carência. Um sintoma. É o vómito do país que nunca curou a sua tristeza. Que finge que é alegre no São João, no Santo António, nas bifanas do domingo, nos copos do sábado, nas sardinhas do Junho. Mas que sangra por dentro. Que odeia por dentro. Que tem raiva de si, de tudo, de todos. Ventura oferece isso: um inimigo. Um sentido. Um alvo. Se há um culpado, já não sou eu. Já não é o meu fracasso, o meu salário, a minha solidão. É o cigano, o negro, o comunista, o assistente social, o jornalista, o juiz, o reformado, o artista, o pobre, o estranho. Ventura dá um nome à frustração. E isso consola. E isso vicia. E isso mata.
O seu discurso foi uma lista de cadáveres simbólicos. “Matei o partido de Álvaro Cunhal”, disse, como se estivesse a caçar fantasmas no sótão. “Varreram o Bloco de Esquerda do mapa”, gritou, com o orgulho de quem limpa sangue do chão e chama a isso arrumação. Para Ventura, política é isso: uma limpeza. Uma desinfecção. Uma purga. Como se o país estivesse sujo e só ele, com a sua verdade puríssima, o pudesse lavar. E lavar com quê? Com insultos. Com medo. Com castigos. Com prisões perpétuas. Com castrações químicas. Com multas. Com violência.
E depois, claro, o momento cómico, se a comédia ainda tivesse graça. Atacou as sondagens. Sempre as sondagens. Sempre o mesmo coro: que o queriam calar, que o queriam derrubar, que lhe mentem, que lhe fazem armadilhas. Ventura não percebe que as pessoas viram no seu partido com vergonha de o fazer, de o dizer às sondagens. Ventura é o miúdo que jogava mal à bola e que ninguém quis na equipa e passou o resto da vida a sonhar ser capitão. E agora que lhe deram um apito, anda a expulsar todos os que correram mais depressa do que ele. Ventura não acredita em instituições. Acredita em si. Ventura não acredita em regras. Acredita no seu instinto. Ventura não acredita no país. Acredita no seu espelho.
E depois aquela frase. Aquela frase que soa a taverna com vinho barato e gritaria ao fundo. “A mama vai mesmo acabar.” Disse-o com o orgulho de quem faz justiça, mas com o tom de quem está habituado a mentir e a justificar-se com o cansaço. A mama vai acabar. A mama, quer dizer, o Estado. Os apoios. Os direitos. A solidariedade. Os serviços. A dignidade. Ventura quer um país onde só os fortes sobrevivem. Onde quem não consegue, morre. Onde quem chora, se cala. Onde quem precisa, se esconde. Porque, para ele, a vida é uma luta de cães. E ele é o dono da trela.
Mas Ventura não quer que a mama acabe. Ventura quer ser ele a mamar. Quer o lugar do outro. Quer mandar nos subsídios. Quer mandar na televisão. Quer mandar na escola. Ventura quer mandar. Ventura quer mandar. Ventura quer mandar. E o país, esse país magoado, esse país velho que já não acredita em ninguém, esse país que se esqueceu como é que se luta, esse país votou nele como quem diz: “toma, faz tu melhor.” E ele fará. Mas não será melhor. Será só mais triste. Mais cruel. Mais pequeno.
O que me espanta não é Ventura. Ventura é uma personagem de novela das seis: previsível, mal escrita, exagerada. O que me espanta é o silêncio. O silêncio dos outros. O silêncio dos bons. O silêncio dos sérios. Dos que deviam estar ali, naquele exacto momento, a dizer: basta. Mas estavam calados. Com medo de perder votos. Com medo de serem insultados. Com medo de não parecerem “populares”. E assim se mata uma democracia: não com balas. Com medos. Com cobardias. Com silêncios.
Este discurso, o de 18 de ontem, não foi um discurso. Foi uma bofetada. Foi uma noite de gritos num quarto fechado. Foi o início de qualquer coisa escura. E se não gritarmos agora, se não dissermos agora, alto e claro, que isto não é normal, que isto não é aceitável, que isto não é o país que queremos, amanhã já não poderemos falar. E depois? Depois virá o silêncio. O grande silêncio. O silêncio dos cemitérios. E Ventura sorrirá. Porque não há nada mais cómodo para quem quer mandar do que um povo sem voz. E nós estamos perigosamente perto disso. Perto de calar. Perto de baixar a cabeça. Perto de desistir.
E quando isso acontecer, será tarde. Será sempre tarde.”

Maio 2025
P/ Nuno Morna





segunda-feira, 5 de maio de 2025

Algumas das expressões transmontanas

 

Abondar


Não, não tem nada que ver com “abundar”, apesar de ser muito semelhante. O verbo “abondar” significa o mesmo que dar, ou chegar, no sentido de dar objetos em mão. Por exemplo: “Ó António, chega-me/dá-me aí o comando da televisão” será o mesmo que “ó António, abonda-me aí o comando da televisão”. É parvo? É.

 Amanhã ou passado

Se não és transmontano, deves estar a pensar que isto não faz sentido nenhum. E realmente não faz. Mas se vens de Trás-os-Montes, entendes perfeitamente o que diremos a seguir! “Amanhã ou passado” é exatamente o mesmo que dizer “amanhã ou depois [de amanhã]“! Mas porquê, se “passado” é precisamente o contrário de “depois de amanhã”? Ninguém sabe porquê. Por mais voltas que demos à expressão, não vamos conseguir encontrar uma explicação plausível para isto.

 Barduada

Esta não tem muito que se lhe diga. Pode parecer uma coisa muito estranha (se não fores transmontano podes estar a imaginar uma trovoada ou um bicho muito feio com três cornos nas costas), mas é muito simples: “barduada” é o mesmo que “paulada”. Ex.: “deu-lhe uma barduada que o tombou”!

 

Eis que chegamos à palavra mais pedida pelos fãs. A palavra mais comum do léxico transmontano, aquela que tem mais significados e que é praticamente impossível de explicar o que significa, ainda que na cabeça do pessoal transmontano faça todo o sentido – “bô”. Quando queres dizer algo como “ora essa!”, podes dizer, simplesmente “bô”! Quando desconfias de algo que te acabaram de dizer, podes simplesmente dizer “bô”, com uma entoação ligeiramente diferente. Se preferires, também podes simplesmente substituir a palavra “bom” (que não poderias usar nos casos anteriores) por “bô”. Afinal, o que é, então, o “bô”? É uma palavra mítica que é quase tudo, sem ser nada!

 Embuligar/Embuldrigar

Um verbo absolutamente parvo que significa, basicamente, fazer figura de porco. “Embuligar” significa rebolar no chão, mais propriamente na sujeira do chão”. Alguém que esteja todo embuligado está, portanto, todo porco, cagado, larego, cheio de surro (não conheces esta palavra? Então continua a ler o artigo). Se preferires (isto das palavras transmontanas é tudo à vontade do freguês), podes dizer “embuldrigar”, que é exatamente o mesmo, mas com mais duas letras parvas.

 Lapantim

Lapantim é o que os mais velhos costumam chamar aos rapazes (ou raparigos, que também se usa em Trás-os-Montes) novos. “Lapantim” é o que se chama a um miúdo irrequieto ou de maus costumes, que só faz asneira e nada que sirva! Assim, esta palavra vem quase sempre a seguir a “está quieto”! “Está quieto, lapantim!”

 Uliar

E esta? Apesar de parecer (ao dizer a palavra), não tem nada que ver com óleo. Uliar é aquilo que os cães fazem quando se põem a cantar, virados para a Lua. Isso mesmo. “Uliar” é sinónimo de uivar, e, apesar de já ter sido mais comum do que é hoje em dia, ainda se usa em algumas regiões transmontanas!

 Arrebunhar

“Arrebunhar” é exactamente o mesmo que “arranhar”, só que com mais uma sílaba gratuita. Em vez de “O azeiteiro do teu gato arranhou-me o braço todo”, podes dizer “O azeiteiro do teu gato arrebunhou-me o braço todo”, mas com pronúncia transmontana, claro.

Albarda

A palavra vem do espanhol (o que é comum acontecer nas expressões do nordeste transmontano, visto que a região sofre bastante influência de Espanha) e designa as selas que se colocam nos cavalos, burros e outros animais de carga. Em Trás-os-Montes, refere-se também ao vestuário de alguém, mais frequentemente para falar de casacos grandes ou algo do género. Por exemplo: ” Não te metas nesse caminho de lama que dás cabo da albarda, rapaze!”.

 Amarrar

A palavra existe e é conhecida para toda a gente, certo? Significa, obviamente, atar com cordas, por exemplo. Contudo, em Trás-os-Montes, a palavra é utilizada como um sinónimo – ou substituto – de “agachar”. Se algum dia um gajo de Bragança te gritar “cuidado, amarra-te!”, não é suposto pegares numa corda e prenderes-te a um poste com ela (exceto em casos de sadomasoquismo brigantino). A única coisa que tens que fazer é baixar-te, ou ainda bater com o caco nalgum sítio.

 Carranha

É a palavra mais nojenta da lista e significa, simplesmente, “macaco do nariz”, ou monca. Se és daquelas pessoas que não se assoa, é bem provável que ouças alguém dizer-te “Pega lá um lenço, que tens aí uma carranha!”. Contudo, também é provável que ninguém te diga nada e que andes o dia inteiro a fazer uma figura triste com uma monca de fora.

 Cibo

Esta palavra significa exatamente o mesmo que “bocado”, podendo substituí-la em qualquer contexto. Ao lanche, numa terra transmontana, será comum oferecerem-te um “cibo de pão com manteiga”, por exemplo.

 C’moquera

Esta é uma das expressões mais difíceis de explicar. Quer dizer, mais ou menos, “pode ser que sim”, sendo utilizada tanto em tom “normal” como em tom de ameaça. Por exemplo, se não fizeres as cadeiras todas este ano – nós sabemos que estás à rasca – “c’moquera” que ainda perdes a bolsa de estudos, se a tiveres. Se se meterem contigo, poderás também só dizer “c’moquera!”, em tom de ameaça, como quem diz “Pode ser que leves uma saronda!” O que é uma saronda? Já lá vamos. Só mais um cibo.

C’mássim

Esta tem mais ou menos o mesmo significado que “assim sendo” com a vantagem de não precisar necessariamente de qualquer antecedente. Se a conversa estiver fraca podes simplesmente dizer “C’mássim, vou-me andando para casa”. Também pode significar algo como “tem que ser”, como no exemplo: “Bem, vou limpar aqui o chão da cozinha, c’mássim…”

 Emplouricar

Significa ir para cima de alguma coisa. Os gatos, por exemplo, gostam de andar sempre “emplouricados” nas mesas, nos armários, nas portas, nas janelas, na televisão, nos móveis da casa de banho, na bacia…..enfim, já percebeste a ideia. E uma coisa é certa: os gatos são mais fofos quando se andam a emplouricar do que quando nos estão a arrebunhar o couro por completo.

 Ele é

Esta é um cibo difícil de explicar porque não tem jeito nenhum. Basicamente, é o mesmo que “é”, mas por vezes junta-se o “ele” mesmo que não se justifique. Em vez de perguntares “É aqui o festival?”, poderás perguntar “Ele é aqui o festival?”. Qual é a vantagem? Nenhuma. E a necessidade? Também nenhuma.

 Fai

Isto é uma variante de “faz”, pelo que tem mais que ver com a pronúncia do que com a palavra em si. Por exemplo: “Ó Sandra, fai-me aí um sumo de laranja!”. Há quem diga que o verbo “fazer” pode ser conjugado nas outras formas verbais, ao estilo de “fai” (“fais”, “faem”) mas também há quem diga que não, por isso não nos vamos pronunciar no que toca a esse assunto.

 Massim

Não há uma correspondência 100% correta para isto mas é parecido com “não mas sim”, o que, por si só, já não faz sentido nenhum. Por exemplo, se disseres que não queres salada, a tua mãe pode dizer-te: “Massim, que te faz bem!”

 Manhuço

Manhuço é um aglomerado de qualquer coisa, numa quantidade que seja possível pegar com uma mão mas sem ser possível esconder. Um manhuço de cereais, por exemplo, seria quando metes mão na caixa dos Chocapitos do Lidl e tiras uma mão cheia deles. Um manhuço de terra é quando agarras numa mão cheia de terra. Um manhuço de cibos de pão é…é uma estupidez, já.

 Lapouço

Quer dizer sujo/porco/labrego. Se és uma daquelas pessoas que não consegue ir ao McDonald’s sem deixar cair metade do hambúrguer ao chão e na barriga inchada enquanto metes a boca no outro lado do pão, pode dizer-se que és um “lapouço”. Outras palavras com significado semelhante – ainda que o destas seja um pouco mais forte, significando que a pessoa é mesmo porca – são “Larego” ou “Cochino”.

 Ladradeira

Isto é o que se chama àquelas senhoras coscuvilheiras, que passam o dia a dar à língua para cá e para lá, a falar da vida do Sr. Francisco, do carro novo da Dona Teresa, da filha bastarda da Maria Cigana. Dedicada a todas essas senhoras, e palavra “ladrar” foi adaptada, de forma pejorativa, para esta bela forma: Ladradeira.

 Guicho/a

A pronúncia é “guitcho/a” e é o equivalente a “fino”, que descreve alguém inteligente, ou esperto! Em vez de dizer “e és pouco fino, ó Zé!”, dirias “E és pouco guitcho, ó Zé! C’moquera!”.

 Refustedo/Chaldraria

Ambas as palavras querem dizer confusão, ou barulheira. “Isto é que vai para aqui um refustedo/uma chaldraria do caraças!”. Contudo, “refustedo” pode também ser utilizado em substituição de uma palavra parecida, mais feia: “p**edo”. Por exemplo: “Não te metas nessa lanchonete que só há lá refustedo…”

Larpar

Esta palavra significa o mesmo que comer, mas de uma maneira ligeiramente mais torgueira. Não há muito mais a dizer acerca desta palavra, por isso não nos vamos alongar, até porque esta mesma frase foi feita precisamente para meter aqui mais um bocadinho de texto desnecessário.

 Engranhado/a

Uma pessoa engranhada – ou, noutra variante, engaranhada – é uma pessoa cheia de frio, ou que está toda encolhida por causa do mesmo. Por exemplo: “Aquela ladradeira está ali toda engaranhada e mesmo assim não se cala! C’moquera ainda apanha uma constipação.”

 Arreguichada/o

Arreguichar é mais ou menos sinónimo de empinar. Como tal, para dizer que alguém tem a mania, diz-se que anda de nariz “arreguichado”, em vez de empinado, e as raparigas mais oferecidas normalmente “arreguicham” a saia mais frequentemente….é um refustedo.

 Birolho/a

Um gajo birolho é, basicamente, alguém que tem os olhos tortos. Apesar de parecido, não é sinónimo de zarolho, que isso é alguém que só tem um olho. Por exemplo: “O Pedro é birolho, tem um olho no pão e outro no repolho”. Os birolhos são, portanto, mais frequentes. A Rita Pereira é um exemplo de uma leve birolhice.

 Furgalhos

Isto é exactamente o mesmo que migalhas. É uma questão de preferência. Poderás dizer, por exemplo, “Não deites os forgalhos na cama pá! És birolho ou quê?”, ou “Parte aí um cibo de pão com cuidado, para não esfurgalhar”.

 Porí

Porí é uma expressão que pode ser utilizada no lugar de “se calhar”. “- Porque é que a Maria está ali amarrada? – Não sei, está engaranhada, porí”. Em português de Lisboa isto seria equivalente a “- Porque é que a Maria está ali agachada? – Não sei, está com frio, se calhar”.

 Saronda/Tunda

“Saronda” (já referida anteriormente) é sinónimo de tareia, assim como “tunda”. “O ladrão armou-se em guicho mas levou uma saronda que ficou lá estendido!”

 Bardino/Gandulo

“Bardino”, bem como “gandulo”, são palavras utilizadas para descrever um indivíduo vadio, meio delinquente. o Justin Bieber, por exemplo, é um bardino.

Surro

Quando alguém tem algum tipo de sujidade na pele, por exemplo (os lapouços têm frequentemente sujidade que vem da comida que espalham), pode dizer-se que tem surro. “Ó garota vai-te lavar que estás cheia de surro na cara!” é uma expressão que se ouve várias vezes, quando se lida com crianças.

 Bilhó

Bilhó é uma maneira de designar castanhas assadas sem casca. Tão simples quanto isto. No outono, pela altura do S. Martinho, é frequente comer um manhuço de bilhós depois de almoçar. A palavra pode também ser usada para referir a uma criança pequena, atrevida, guicha. “Este bilhó não sabe estar quieto!”

 Zorra

Talvez das mas engraçadas, é uma palavra que significa “filha bastarda”, como, por exemplo, a filha da Maria Cigana da qual já falamos no slide da Ladradeira. A Maria Cigana tem, portanto, uma zorra em casa.

 A maneira de dizer as horas

Não, neste caso o título não é uma expressão transmontana. Neste caso, o que acontece é o seguinte: sempre que ouvires alguém dizer a preposição “as” ao dizer as horas (por exemplo: “são as 3h da manhã”, em vez de “são 3h da manhã), podes assumir, com 99% de certeza, que essa pessoa vem de Trás-os-Montes. Os transmontanos teimam que faz mais sentido assim, quem não é de lá teima que não. Contudo, achamos que ambas as formas são corretas.


Conhece outras expressões? Partilhe connosco: geral@amontesinho.pt

 




Fonte: Ser Transmontano - https://amontesinho.pt/tras-os-montes/algumas-das-expressoes-que-so-vai-ouvir-em-tras-os-montes/



 


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

A GUERRA FRIA entre EUA e China

 

A Guerra Fria que hoje se vive entre os EUA e a China não é uma repetição da Guerra Fria do passado – é muito mais complexa e perigosa.

Anil Gupta, um dos especialistas mais influentes em globalização e mercados emergentes, explica como a China se tornou uma potência tecnológica, industrial, económica e militar, e de que forma isso está a alterar o equilíbrio de forças a nível mundial.

Assista aqui ao episódio completo no YouTube da Fundação


TRUMP: ignorância e perversidade

 

Antigos aliados de Trump condenam as suas afirmações sobre a Ucrânia e sobre Zelenski. De facto, é inqualificável o que o ditador Trump tem dito e feito! Inqualificável e da maior injustiça.

TRUMP JOGA BAIXO, COM TUDO E COM TODOS, OPORTUNISTICAMENTE CENTRADO NA SUA PERSONALIDADE EGOCÊNTRICA, COM CLARO PREJUÍZO PARA A DEMOCRACIA NORTEAMERICANA E PARA A GEOPOLITICA MUNDIAL.
A Política não é isto. Não deve ser isto mas, "o feitiço virar-se-á contra o feiticeiro". Já estamos a ver isso dentro do seu próprio partido, finalmente!
Além de doido e desajustado para o cargo que ocupa, é malformado e perigoso, como Putin. São dois criminosos à solta.

P. favor, leiam o artigo completo (jornal EXPRESSO).


Imagem retirada de https://www.newsweek.com/trump-dangerous-asteroid-awfulness-has-fallen-world-british-politician-781288



domingo, 19 de janeiro de 2025

Para onde ligar ou escrever se for necessário um resgate animal?

                       


Encontrou um animal em risco ou abandonado? Deverá entrar em contacto com o Centro de Recolha Oficial (CRO) correspondente ao município em que o animal se encontra e com a Polícia de Segurança Pública (PSP).

Os CRO são os responsáveis legais por recolher animais abandonados e/ou em risco, garantindo-lhes cuidados médico-veterinários, esterilizaçãodesparasitação, guarida e comida apropriada, até que estes sejam adotados.

O Programa de Defesa Animal existe desde 2015 e está implementado em todo o dispositivo da PSP (todos os Comandos Distritais, Comandos Metropolitanos de Lisboa e Porto, e Comandos Regionais da Madeira e dos Açores), funcionando 24 horas por dias, durante todo o ano.

Os casos que não sejam da responsabilidade de patrulhamento da PSP são encaminhados para a força de segurança adequada.

Não deixe um animal abandonado ou em risco sozinho. Você pode ser a sua única e última esperança.

Resgate animal: contactos

Se está perante um animal abandonado ou em risco, envie uma mensagem eletrónica com a descrição do caso, a morada onde se encontra e fotografias/vídeos para os seguintes endereços eletrónicos (todos ao mesmo tempo):

PSP — Defesa Animal — defesanimal@psp.pt

GNR — SEPNA — sepna@gnr.pt

Vereador da Câmara Municipal — Pelouro da Veterinária (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Veterinário municipal (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Centro de Recolha Oficial (CRO) do município onde se encontra (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Junta de Freguesia (endereço eletrónico disponível no sítio web da Câmara Municipal)

Após enviar mensagem de correio eletrónico, telefone para todas as entidades supramencionadas, informe da situação e peça para agirem imediatamente.

Contactos telefónicos:

  • PSP — Defesa Animal — 217 654 242

  • GNR — SEPNA — 808 200 520

O animal que encontrou está em agonia e precisa de assistência médico-veterinária urgente? Leve-o até a uma clínica ou hospital veterinário. Embora os encargos financeiros passem a ser da sua responsabilidade, hoje existe uma rede de apoio muito grande na recolha de fundos.

O que fazer se vir um animal a sofrer de violência?

Neste caso, o importante é assegurar que o animal fica protegido (sem que isso coloque a sua própria segurança em causa). Tire fotografias ou filme para haver prova da violência quando fizer a denúncia.

Se o animal estiver em perigo imediato, transporte-o para um local seguro (clínica veterinária ou uma associação de proteção a animais).

Denuncie sempre que saiba de uma situação de maus-tratos, abandono, negligência ou risco do animal.

Faça a denúncia numa das entidades abaixo:

  • GNR — SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente). Poderá fazer a denúncia online, num posto da GNR, ou através do telefone 808 200 520 (Linha SOS Ambiente e Território, disponível 24 h/dia).

  • PSP (Programa de Defesa Animal). Pode fazer a denúncia numa esquadra da PSP, através da linha 21 Polícia — 217 654 242 — ou via correio eletrónico para defesanimal@psp.pt.

Se tiver dúvidas sobre como proceder, contacte uma associação zoófila, pois vão ajudá-lo a recolher informações e a encaminhar a denúncia.


in https://www.tomaconta.com/blog/resgate-animal